sexta-feira, 24 de janeiro de 2014


CALDO COM GALINHA III




Uma coisa que me intriga é o sexo dos galináceos. Nos meus tempos de menino, em casa dos meus pais, pegava-se no “pintainho” pelo bico: Se o bicho ficava sem se mexer era fêmea; caso contrário era macho (ou seria ao contrário???).

CANJA DE GALINHA; FRANGO ASSADO; SANDES DE GALINHA; ARROZ DE FRANGO; ou, em francês – COQ AU VIN . Masculino/ Feminino eis uma questão que não consigo compreender. Sei que a fêmea é poedeira de ovos e deve perdurar mais no tempo e que o macho que serve para “galar” diversas fêmeas e por isso poderá, na maioria dos casos,  ser abatidos ainda jovem. O seu trabalho é exclusivamente dedicado à reprodução. Logo, o frango assado dever ser macho. Mas daqui não consigo inferir para os restantes casos.

Mesmo assim, quando como um Frango no Churrasco tenho imensas dúvidas do seu sexo e os assadores também não sabem me informar .

Aliás, isto do sexo e da sua utilização para o procriação da espécie, mesmo entre os humanos, tem levantado muita celeuma, mas acho que Natália Correia, em plena Assembleia da República deu a resposta adequada e histórica a um deputado do CDS (José Morgado) :
 
Já que o coito – diz Morgado –
tem como fim cristalino,

preciso e imaculado
fazer menina ou menino;
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou – parca ração! -
uma vez. E se a função
faz o orgão – diz o ditado –
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado.

Após esta celeuma nunca mais se colocou, na chamada sociedade civil, essa questão do coito para procriação... Valha-nos Natália Correia. Mas não asseguro que, no futuro, não nos  voltemos a confrontar com qualquer posição desse tipo prognosticada por qualquer juventude partidária, como se antevê pelas posições que recentemente escreveram e subescreveram. Teremos então de ressuscitar Natália!
Mas, como conta Fernando Dacosta no seu livro sobre Natália – O Botequim da Liberdade (Edição Casa das Letras) –  num encontro com estudantes em Coimbra, numa almoçarada, Natália referiu – “semelhante manjar só pode ter sido preparado por um Deus”. (...) “ Foi você, lindíssimo guardião deste olimpo, quem cozinhou?” O rapaz era o “rebento” do referido deputado Morgado e ao tomar conhecimento de tal linhagem, Natália rematou – “ Pois perdoo a seu pai, ele afinal, reconheço, tem talento para alguma coisa – procriar com requinte!.”
Um amigo, leitor deste Blogue, pedia-me que desenvolvesse o tema já referido  relacionado com a frase real – NEM SEMPRE GALINHA, NEM SEMPRE RAINHA.
Esta frase “histórica” de D. João V, Rei de Portugal, terá sido proferida, como conta Mega Ferreira, no seu livro CARTAS DE CASANOVA (ed: Sextante ), na sequência da imposição Real a um padre do Convento de Odivelas de uma alimentação restrita a Galinha pelo facto de ter censurado o Rei pelas relações libidinosas com a Abadessa desse Convento. Inicialmente essa alimentação muito agradara ao sacerdote, mas finalmente enjoara. Teve então coragem para se dirigir ao Rei apelando ao fim da dieta imposta, ao que o Monarca respondera com a referida frase que ficou célebre.
A História é prodiga nessas aventuras reais e os casamentos por conveniência estratégica e política dos reinos pareciam a explicação. Na nossa História é mais fácil encontrar amantes de reis, do que riqueza produzida pela realeza.
Há uma designação com que embirro solenemente: é chamarem-se de “tio”, quando não há essa relação familiar. Há quem explique essa utilização indevida dos termos “tio” ou “tia”, ainda utilizados, em certas classes sociais da nossa República, para tratar os mais velhos amigos da família e até amigos dos amigos, como tendo origem no tratamento utilizado na Corte. Aí os jovens, desconhecendo a real relação familiar, porque muitas vezes oculta, tanta era a promiscuidade, utilizavam essa forma “alargada” de tratamento para se relacionar com todos os mais velhos. E geralmente acertavam...Mas isso era na Monarquia! Será?
Notícias do Eliseu onde, nunca terá vivido nenhum rei, transferem para os tempos da 3ª República Francesa, e de muitos Presidentes a esta parte, uma reincarnação de alguns desses “feitos” reais. Agora de uma forma mais tecnológica, com a utilização, imagine-se, de “motoretas” de 3 rodas.
Sem entrar  no tipo de críticas dos jornais e revistas menos sérias, e também das que julgávamos mais sérias que utilizam as mexeriquices do Eliseu para vender, acho que este caso não fere ainda mais a credibilidade de Hollande em França . Felizmente os Franceses estão a uma distância considerável da “moral” com que os anglo-saxónicos  tratam estes assuntos. Digo mesmo que o único ponto que acho preocupante é saber quem paga os “croissants” ( e que bons que são os de Paris...)? :o Presidente, do seu bolso, ou o Contribuinte francês?
Hollande  com o seu duplo queixo e a sua barriguinha, faz-nos sonhar... Não é um caso do “poder afrodisíaco do Poder”. Ele é o nosso herói!

Description: http://lagauchematuer.fr/wp-content/uploads/2013/12/francois-hollande.jpg 

Acho mesmo que o facto de não ter utilizado outros subterfúgios para além da “motoreta”,só lhe fica bem. Poderia ter preferido, como qualquer rei de Tabanca duma região ultraperiférica, concretizar essas escapadelas em viagens a Bruxelas à custa do Erário Público. Não o fez!
 Entre nós, tirando os casos Reais, não há histórias relatadas conhecidas que envolvam Chefes de Estado do pós 1974.
Não estou a ver um Ramalho Eanes, ou um Jorge Sampaio em aventuras desse calibre e ao actual Presidente não lhe antevejo sequer engenho e muito menos arte para uma missão tão afoita.
Já no que respeita a Mário Soares nada consta. Mas há uma crónica interessante, anterior às suas presidências.  Fernando Dacosta conta ( no livro já referido) uma história que tem como protagonista   D. Maria Pia de Saxe – Coburgo - Gotha e Bragança, filha da “mão esquerda” do Rei D. Carlos e pretendente ao trono de Portugal , apoiante de Delgado, presa em Caxias pela PIDE e tendo como advogado e amigo Mário Soares. Este relacionamento espicaçou a curiosidade de Natália Correia.
“Como é ele na intimidade?” “Oh, é um Tarzan, um Tarzan Lusitano”,  terá respondido  D. Maria Pia.
 D. Maria Pia, recordo que por já ter faleceu e portanto nada mais se poderá saber, através de um seu testemunho. Quanto  a Mário Soares (“O melhor Rei para uma República”, conforme D. Duarte Nuno), nunca versou o tema nos seus muitos livros.
Com a seu duplo queixo e barriga ligeiramente avantajada, bem como com a sua vivência francófona, não se pode pôr as mãos no fogo...
O nosso 1º Ministro sonhou que qualquer “badalação” sobre factos inauditos em Belém, tornariam Portugal num caso de ainda maior sucesso que geraria Primeiras Páginas ou aberturas de Telejornais por esse Mundo fora. Assim se incentivaria a recuperação económica e finalmente o investimento. Por isso cortou cerce as ambições de Marcelo se candidatar a Belém.
De facto que novidade traria o “catavento” Marcelo em Belém ? – “Presidente que só dorme 4 horas”; “Presidente que também comenta Futebol”; “Presidente que mergulha no areal de Belém”. Pouco, muito pouco..., convenhamos.
Agora, por exemplo, um Santana Lopes, ou um Portas (este num estilo oposto ao antigo PM), dariam azo à “badalação” mais completa.
Retomando a personagem de D. Maria Pia, sabemos que foi pretendente ao trono porque, sem dúvida, descendia da família de Bragança. O pretendente D. Duarte Nuno descende do ramo de D. Miguel, filho da Rainha Dona Carlota Joaquina. Essa Rainha de origem espanhola,  ao que consta (ver livro – Um Império à Deriva, Patrick Wilcken, ed: Civilização), não recebia o Rei D. João VI na sua alcofa, ou noutra, há já alguns anos, quando D. Miguel nasceu. Haverá uma carta do próprio Rei João VI que refere esse facto. Portanto, a ser verdade, o sangue de Bragança não correrá nas suas veias.
D. Miguel seria filho do Conde de Marialva? Do Jardineiro do Palácio? São hipóteses que já vi expostas.
Como Republicano acho este “facto histórico” não tem hoje qualquer relevância . Mas não percebo porque não interessa aos monárquicos alinhados com o actual pretendente.
Bem hajam.

 Aqui vai o prémio, o jogo do momento:    http://www.jeu-hollande.com/

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014


CALDO COM GALINHA II

Continuamos com a nossa canja, ou melhor com a nossa galinha, por enquanto.

Caldo com galinha, canja de galinha, Fim do Ano no Funchal, dia 31 de Dezembro, Te Deum (1) na Sé ao fim da tarde do último dia do Ano que parte.
Frente à Sé fica o Café Apolo. Quando saíamos da Sé e já alguém da família tinha ficado no  café a garantir mesa para a família  iniciar a comemoração do Fim do Ano – uma canja de galinha servida em chávena.

Não sei o significado desse início de comemoração que se repetia ano após ano. A galinha dessa altura, ao contrário do bacalhau, era uma comida de certo modo nobre, quase reservada aos dias festivos  e  nem era necessário relembrar a frase famosa dum nosso rei – nem sempre galinha, nem sempre rainha. Até porque rainha nem vê-la....

Minto. Conhecia bem as rainhas “do baralho” e também havia uma importante personagem, no Funchal de então, apelidada de Rainha que geria com sabedoria e bom proveito um NEGÓCIO CONSIDERADO O MAIS ANTIGO DO MUNDO (ou a profissão
rasmou do Governo...
o leite (4)MUNDOceitas proivaveis com os cortes aos pensinistas é que era a mais antiga do mundo?) . O filho - o Príncipe, claro - ilustre Engenheiro, do Técnico e tudo, frequentava a Faculdade em seu carro “de corridas”(2), quando todos nós, os outros madeirenses, íamos para as aulas de “Eléctrico”  ou, então a pé. Bom negócio o da mamã...

Muito mudou desde esse tempo. O Te Deum repete-se, o bacalhau ultrapassou a galinha e a canja passou a cerveja. Sinais dos tempos porque a galinha passou a ser “fabricada” industrialmente e o bacalhau ainda não. À frente explicarei como essa mudança modificou os nossos costumes.

Mas é no plano da política e das opiniões que as coisas ainda mudam mais rapidamente. Não vou falar na Irrevogabilidade que Portas “explicou” (como se pudesse haver uma explicação) no Congresso do seu Partido, onde também se deixaram cair as teses da Linha Vermelha dos Pensionistas, ou a do Aumento do Salário Mínimo . Essa cambalhota  não se deveu a qualquer inspiração sobrenatural, ou mesmo racional (3), mas pelo AMOR À PÁTRIA, certamente... De repente, Ribeiro e Castro, sublinhou que a crise (ou “birra”) que o atual líder centrista provocou em julho do ano passado custou mais “800 milhões de euros de austeridade” . Isto é mais de 2 anos das receitas prováveis com os cortes aos pensionistas e  reformados e aumentos da ADSE aos funcionários públicos e pensionistas.
Entretanto, já se ouvem as palavras de ordem – Ele Merece Belém!(4) ;Das Laranjeiras(5) para Belém!...Já gritam os inflexíveis  amigos que o querem ver pela porta (não Portas) do fundo. Enquanto a razão da birra, a Ministra das Finanças lá continua e Portas subiu a Vice . “O que tem de ser tem muita força”, não é?

Meti aqui o Portas e lembrei-me das célebres Primeiras  Páginas do Independente e tudo isto vai ligar, por mais estranho que pareça com a história da mudança da canja para cerveja.

Explico. Não foi por falta de devoção, nem por maior capacidade financeira que as comemorações pós Te Deum se fazem, desde há alguns anos esta parte, num bar na zona do referido Café e da Sé. – O Encontro .Inicialmente propriedade de gente do Norte da Ilha, foi juntando gente de S. Vicente e do Seixal e amigos dos amigos, até, imagine-se mulheres de amigos, mesmo divorciadas e já vamos nos filhos dos amigos, jornalistas, “fazedores de opinião”, presidente de Clube de 1ª Divisão e até no passado recente, gente do Governo e do poder . Hoje só resta um ex-secretário que a certa altura e para bem de todos, substituiu o leite pela cerveja e saiu do Governo...

 Relembro que o Leite de vaca era no passado, não muito distante, bem para todas as maleitas do sistema digestivo. Hoje ,isso também mudou e pelo exemplo que cito, a cerveja faz, nitidamente, menos mal que o leite, ou até faz bem.

 Nesse fim de tarde cada um vai pagando um rodada  do precioso liquido que já não fabrico, até onde a razão e o corpo aguentam, no meio de desejos de Bom Ano.

No final do consulado de Cavaco em S. Bento quando alguns futuros “BPNistas” estavam então em nítida aceleração descendente, Portas dirigia o Independente com uma 1ª página semanal que geralmente deitava um Cavaquista abaixo. Cada tiro cada melro...

Nesse ano, dia 31 de Dezembro apareceram nas comemorações, vindos do Te Deum muitos “representantes do Povo na nossa Assembleia Regional”, inclusive o seu Presidente (ainda o mesmo que manda arrastar deputados pela porta fora) e não me coibi de lhe dizer que os meus votos  para o ano que se iniciaria dentro de algumas horas, era o de que não aparecer na 1ª página do Semanário de Portas. Quis ser simpático...
E o meu desejo cumpriu-se...Maldito desejo!

E Cavaco Silva  passará 10 anos na Presidência para regressar à Travessa do Passolo, gozando, ou não, da simpatia dos moradores da Travessa e do País.

Sobre o carinho que lhe dedicavam os moradores da Travessa, retiro alguns excertos duma reportagem de Paula Carvalho publicada no Público de 24 01.2011, - O Dia seguinte na Rua Do Presidente.
“Cavaco Silva ganhou a admiração de um vizinho amante de pássaros, por não ter subscrito um abaixo assinado para calar o seu melro”(...)
“O Presidente ganhou, sobretudo a simpatia de Novo por não ter apoiado um abaixo assinado que circulou pela Travessa do Possolo. Para explicar melhor, conta: “Gosto muito de passarinhos e tinha um melro que cantava toda a noite. E aqueles vizinhos telefonavam para mim a perguntar: ‘porque é que não põe o pássaro debaixo da cama?’ E distribuíram um abaixo assinado na rua para expulsar o melro. Fiquei chateado. Eu bem tapava a gaiola com um pano preto, mas ele toda a noite cantava. Tive de o levar para a terra. Mas no prédio do senhor Aníbal ninguém assinou...”, reparou Abílio Novo com agrado.”

E mais não digo!



(1) Te Deum é um hino cristão, usado principalmente na liturgia católica, como parte do Ofício de Leituras da Liturgia das Horas e outros eventos solenes de ações de graças. O hino é encontrado também na hinódia ou práticas litúrgicas de outras igrejas cristãs, incluindo o Livro de Oração Comum da Igreja Anglicana, as matinas luteranas e, de modo menos regular, em outras denominações protestantes e evangélicas.. (WIKIPEDIA)

(2) “Carro de corridas”, nome que a pequenada dava a qualquer desportivo descapotável.


(3) “O que tem de ser tem muita força”, ou como escreveu Henrique Monteiro no seu Blogue:
“Pronto! Perceberam? Pois eu percebi muito bem! Portas quer, quase exige, que o nosso raciocínio dê o chamado "salto de fé". Ou acreditamos que ele fez o melhor para nós, ou não acreditamos. Como dizia Santo Inácio de Loyola (ou seria São Tomás de Aquino? Este Portas baralha-me...) para quem acredita nele tudo está explicado; para quem não acredita, não há mais explicações a dar.
Pois é. Dr. Portas. O problema é que 90 por cento ou mais não acreditam em si. Menos ainda no seu altruísmo e responsabilidade. De modo que o que fica é isto: foi uma birra, que já nem o próprio sabe explicar.”
(Henrique Monteiro)
Ler mais: http://expresso.sapo.pt/chamem-me-o-que-quiserem=s25609#ixzz2qBBvn3TE
(4) Belém – Palácio, residência oficial do P.R. O residente actual deve passar para a Travessa do Passolo, dentro de alguns meses..


(5) Lranjeiras – Palácio das Laranjeiras que Portas encontrou, após longas noites a vaguear por Lisboa ,para aí estabelecer o Gabinete de Vice-Primeiro Ministro. Consta que tem uma sala hexagonal (muito parecida com oval, mas com bicos), onde implantou o seu gabinete.

“”.

NOTA  FINAL : Junto aqui já uma interessante intervenção duma leitora, amiga e cunhada, sobre a 1ª edição deste Blogue – “Canja de Galinha, fez lembrar a história  da celebre canja feita na vossa casa, com o galo de estimação do teu pai, com a conivência da tua mãe.
 A nossa mãe contava que foi roubado ( no galinheiro  da tua infância) pela tia Brites e o pai Sebastão, o dito galo para a canja que estava deliciosae foi servida a um grande grupo de amigos na vossa casa.”
Sebastião seria postumamente meu sogro e a Brites era sua irmã.


quarta-feira, 8 de janeiro de 2014


CANJA COM GALINHA – NOTA DE ABERTURA


Ter um jornal de opinião na NET? Boa ideia. Mas seriam necessários colaboradores que não se importassem de publicar ideias diferentes das minhas e dos outros. Era necessário um jornalista para Diretor. Depois, um  advogado para nos defender do UI (único importante, sabem quem é?).

Não , não. Vamos para coisa mais simples – um Blogue.

Pedro ensina-me como se faz!

Mas é necessário um nome! Se meter Gastronomia tanto melhor – faisão com trufas? Lagosta à maître de qualquer coisa?

Com toda esta crise ou mete porco ou galinha... Porco é porco, a galinha cacareja e da galinha faz-se muita coisa e podemos começar por fazer uma canja?

Boa, CANJA DE GALINHA!

Relembro histórias da minha infância, com um galinheiro atrás do meu quarto de dormir, com a empregada a executar a sua limpeza às 7 da manhã e o menino de férias a acordar com o cacarejar das ditas inquilinas que ou ponham ovos ou avançavam para a panela. Também as havia que avançavam para o seu fim com ovos em formação e essa canja com os  ditos percursores dos “bisalhos”(1), oh maravilha das maravilhas...Acorda João! Isso é crime lesa Pátria..., É comer “criancinhas” à Ceia..
Essa canja servia-se em alturas mais ou menos solenes. Lembro-me que nas “Festas” (Natal e Fim do Ano) era servida em determinados dias e a determinadas horas.

Contava-se que de outra forma  era feita a Canja de Galinha no antigo Casino, situado nas imediações do atual, na Quinta Pavão.
Não assisti ao que vou descrever e não garanto da sua total veracidade. O Casino na minha juventude era um bom sítio para namorar (nos jardins), ou para os bailes e 5º e 6º ano, geralmente matinés dançantes ao som do Tony Amaral Júnior.
Mas continuando a história, serviam canja nas noites de animadas festas de “gente grande”, onde  Senhores da terra não paravam de dançar com as suas eleitas do momento, mesmo após a música parar...MARMELADE NEVER STOP (tradução à madeirense). Prazeres simples e mais baratos que os de agora, que nos fazem pagar viagens e estadias em hotéis de Luxo com todas as mordomias numa capital da Europa.
Detesto glorificar o passado, principalmente dessa altura, por receio da tendência para a generalização. Esse período, fase negra da nossa história embora possa gerar algumas emoções positivas, principalmente no campo da saudade, não deve escamotear um aspecto muito importante que ainda nos resta– a Liberdade. Podemos é considerar  que por vezes tenha pouca utilidade ou aplicação.
Mas se a confecção dessa canja nada tinha a ver com as tecnologias Knorr ou Maggi, havia a utilização de uma tecnologia  mecânica /química. – o galináceo  estava suportado um sistema de roldana. Quando  havia que fazer a dita canja o dito era mecanicamente  mergulhado na água fervente, com os outros condimentos necessários e a efusão daria algum gosto próprio da canja. Terminada a confecção o galináceo era hasteado da panela através do mesmo sistema até à necessidade de mais produção.

(1) – termo madeirense que nada tem  a ver com pequeno saco, como indicam alguns dicionários, mas com pinto.(2).
(2)  - Não  é um nome próprio. Nada tem a ver com nome próprio diz respeito ao Marinho Pinto, ao João Pinto, ao Pinto da Costa (3)  ou Fernão Mentes Minto, digo, Pinto. Nem é o presente do indicativo do verbo Pintar.  É o termo que o Madeirense também usa para dizer pintainho.
(3) – Comum utilizar as palavras “o nosso pintinho” como dizem alguns habitantes da zona provinciana situada na margem direita do rio Douro e ,pasme-se, mais uma vez campeão nacional de futebol, perante a inépcia da gestão clubística de Lisboa. Essa personagem terá sido colega, em Colégio interno (4) do nosso presidente da ALR, subordinado do nosso “Gi Are” (tradução para inglês de JR).
(4) – Era comum nessa altura as famílias de algumas posses mandarem os filhos mal comportados ou cábulas para esses Colégios com Internato. Não sei se a razão foi essa, mas os resultados estão à vista